Este é o primeiro volume da trilogia Diálogos, inaugurando a estética e o estilo literário peculiares da autora. Vozes inomináveis dialogam sobre o mistério da existência e da natureza humana através de uma narrativa não linear. O livro pode ser lido em qualquer ordem, conforme o livre arbítrio do leitor.

"À direita do fogo, escuta. Como acendeu o fogo? À esquerda, pergunta. Na penumbra trêmula em torno da fogueira, conversam. Há, pois, fogo. São, desde então, vozes vindas de duas sombras. Não se reconhecem, nem um ao outro, às obscuridades flamejantes do fogaréu. O fogo se acendeu. À esquerda, do fundo escuro de uma noite eterna, a caverna recebe o sopro frio do inverno. Impossível! Aproxima-se da fogueira. Senta-se. Duvida, insensível ao calor. Não. Isto não é uma fogueira. À direita, do outro fundo escuro, a caverna recebe o sopro morno da primavera. É a ilusão. Estamos em desespero! Entramos e não saímos. Nunca! Deseja o fogo para não morrer. Estamos em morte. Sim, estamos a congelar na caverna. O fogo. Último desejo. As duas sombras silenciam. A brisa sopra da direita. Algo na fogueira crepita. Escuta. Escuta isto. Silêncio. É a loucura! Apague o fogo!"
 
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